Editorial porque sim!




O meu Editorial, a minha maneira de ver o "mundillo"

Um ano e três meses se passaram desde que a minha vontade, força e persistência, tem vindo mostrar que uma mulher, casada, mãe de 3 filhos e muito feliz, pode e deve sempre lutar pelos seus ideais e pelos seus objectivos. 

Não tem sido de modo algum fácil, nem tanto pela minha ausência familiar, que compenso de outras maneiras, mas pelas dificuldades e desgostos com que me deparo no mundo da tauromaquia. 

Quando cá cheguei achava que era um "mundo" perfeito, assim como o brilho dos trajes de luzes, como o brilho dos olhos dos cavaleiros que sempre que o triunfo lhes sorri, tem ao dar a volta a arena, como o orgulho, vaidade e humildade dos forcados, que apesar de serem os menos visíveis, são e sempre foram para mim, os mais valorosos da festa.
Achei na minha ingenuidade que as únicas lutas eram as do animal nobre e irracional, ou rês, doravante designado por toiro, com o não menos valoroso e destemido animal racional, doravante designado por cavaleiro. 
Mas como até estes brilhos por vezes se desvanecem, também as desilusões são mais que muitas. 
E ás vezes o irracional parece-me mais racional que o seu oponente. 
Pessoas que se dizem íntegras e honestas, e não passam de escroques, outras que não pretendem mais que denegrir a imagem de outras, só pelo prazer de vingança, outras que se acham espertas que "chulam" outras que infelizmente são mesmo burras! 
Empresários sérios que lutam pela festa e dão direitos iguais a todos e empresários trafulhas que cobram dinheiro por senhas de trincheira de imprensa!!!  Outros a quem as senhas servem para amigos, "tios" e outros compadrios, Toureiros bons e sem ganas e toureiros medianos com ganas para dar e vender! 
Apoderados que vingam, outros que são autênticos emplastros que só querem aparecer e auto promover-se. Emboladores sérios e belíssimos profissionais que honram a carteira profissional e a herança que carregam e dignificam a festa, outros que não "jogam, nem deixam jogar" e que com tanta ganância, não percebem que prejudicam os colegas, mas que acima de tudo, se estão a desvalorizar!!! 
Fotógrafos que vendem fotos para ajudar a pagar os km sem fim que se  fazem por amor à arte! Que percorremos o pais de Norte a Sul atrás de uma corrida, sempre na incerteza se o São Pedro irá colaborar, e não nos fazer gastar os poucos euros em combustível para sair da Ericeira e ir apenas ao continente de Portalegre... e outros fotógrafos??? que as oferecem apenas para... Bom, nem sei muito bem porquê!!! 
Podia falar dos bandarilheiros, dos forcados e tantas outras polémicas. 
Não falo de ninguém e falo de todos. 

Claro que há disto em todos os mundos, mas foi por este que me apaixonei desde tenra idade. 
Vim com a ilusão que me poderia dar bem com todos, mas nem todos se querem dar bem comigo...
Não me importa, de verdade, são os toiros que me importam e me enchem de alegria e adrenalina e para isso não consigo encontrar palavras que exprimam o que sinto. E esses nunca me desiludem. 

Este mês que termina hoje, também me faz recordar que era eu a única repórter fotográfica na corrida das caldas da Rainha, no ano passado, onde conversava com um amigo, sobre o grande Maestro que no dia seguinte teria o mais estúpido e surreal acidente que lhe transporta para um ano trágico, falo claro do nosso querido José Luís Gonçalves, que esperemos que lute pela vida, com a mesma garra, mestria e valentia com que sempre enfrentou os toiros. 
Mais recentemente, também ainda este mês, mas já de 2014, a morte estúpida e inexplicável de  António Morgado, e não posso deixar de referir a brilhante rebolera com que Nuno Carvalho Mata, tem rematado a sua Faena e claro do meu querido Emílio que tem sido um valente e valoroso forcadão da cara (mas do GFA da luva branca, claro).  
Tanta gente boa e tanta gente ruim que se cai de pé, parte-se de tão insensível. 
Apesar de tudo isto, e porque nada na minha vida tem sido fácil e é isto que me dá animo e força para fazer mais e mais, vou continuar assim, devagarinho, degrau a degrau, subindo um de cada vez, não tenho pretensões de ser a melhor em nada, sou muito crua e de tão sincera, tenho firme certeza que neste mundo dificilmente conseguirei vingar, mas enquanto achar que vale a pena e Deus, o meu marido e eu quisermos, aqui vamos andando, a defender, promover e a divulgar a tauromaquia, de forma gratuita e apaixonada, hoje aqui, amanha ali, com os meus companheiros de viagem os meus queridos amigos, Armando Alves, Estevão Nunes, João Silva e Joel, que não posso deixar de referenciar pelo excelente profissionalismo, humildade e amizade e pela paixão que nos une, a tauromaquia, e que muitos e muitos mais km ainda faremos juntos. 
Obrigada finalmente a todos os que lêem e visitam o porta dos sustos, pois sem estas visitas, nada fazia sentido!

E este editorial... Eu assino! 

Maria João Mil-Homens

31 de Julho 2014