ANTÓNIO DOS REIS - GANADERO POR PAIXÃO

António dos Reis é um ganadero dos campos do Mondego que faz da sua ganadaria um exercício de paixão em tempos difíceis.
Numa zona que conta com seis ganadarias que pastam em zona dos arrozais já perto da Foz do Rio Mondego, é o mais antigo criador de reses bravas da região.




PS - Em que ano foi fundada a sua ganadaria?
AR – Na década de 40, e foi o meu Avô, Joaquim Reis, que iniciou a ganadaria. Tinha uma exploração agrícola muito pequena, e posteriormente comprou meia dúzia de vacas para ajudar a vida. Tinha 2 filhos, e teve que os pôr a trabalhar, porque naquele tempo a vida não era nada fácil. Os filhos guardavam as vacas e ele tratava da agricultura.
PS – Qual é a origem da sua ganadaria?
AR – Tem descendência dos antigos Terré, toiros de raça portuguesa que eram muito famosos no meio do século passado e que o Sr António Barbeiro tinha por separado na sua ganadaria. Depois, foi feita uma cruza com toiros de António Barbeiro, sendo que os seus melhores toiros eram sempre para as minhas vacas, em atenção aos laços de amizade com o meu avô.  E a mim fez-me a mesma coisa, desde o princípio. Eu comecei novo a trabalhar como homem…!       Quando o meu pai faleceu eu tinha 23 anos e daí para cá a vida foi dura. Muito trabalho.
PS – Quantas vacas de ventre tem?
AR – Vinte e seis, a ganadaria é curta. Tenho-a só por tradição familiar e paixão.   
PS – Quais são as dificuldades que, quem tem de fazer o pastoreio artesanal, sente?
AR – É o pessoal, ou seja, a falta dele. Como é muito duro e geralmente mal pago, não se encontra facilmente quem o queira fazer ..… É muito complicado, e é um dos problemas  que vai “acabar” com isto…
PS – Não me diga que vai acabar…???
AR –Vamos ver … Está mesmo muito complicado.
PS – O problema disto tudo é a falta de pessoal para o pastoreio….
PS – É feliz como ganadero? Trocava isto por outra coisa qualquer?
AR – Sou muito feliz e, fundamentalmente,  sou muito aficionado. Não trocava, não.
PS – É um negócio rentável?
AR – Não, quem se mete nisto é, como eu já tenho dito, só por amor à camisola, mais nada….
PS – Por paixão?
AR – Sim, claro. Dinheiro? Não se sonhe tirar dali que não se tira. E desde que dê para ir aguentando é muito bom.
Ainda há românticos….

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